quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

O livre mercado pode salvar o transporte público de Teresina

Quando cheguei em Teresina, lá por volta do ano de 2003, estava no ar discussões relacionadas com o aumento da passagem de ônibus: se não me engano, a passagem inteira e a meia custavam, respectivamente, 80 e 40 centavos. O aumento seria para R$ 1 a inteira e 50 centavos para estudantes.

Timon City: ônibus mais seguros, mais confortáveis e mais baratos
não foram autorizados a circular.
Firmino Filho (PSDB), o prefeito de Teresina na época (e também o atual!), era o diabo em pessoa e eu o odiava. Acreditava que ele estava do lado dos ricos e poderosos. A história me mostrou que, sobre isso, eu não estava tão enganado assim...

Lembro de ter ficado fascinado pela luta dos estudantes - ainda no auge da hegemonia cultural da esquerda, eu acreditava que organizações estudantis como a UNE realmente lutavam por um mundo melhor. Eu vibrava sempre que um ônibus era queimado ou quando uma manifestação levava o caos para a cidade.

Mas, mesmo naquela época, eu me questionava o seguinte: "Ao final dos protestos, os estudantes voltam para casa nos mesmos ônibus das empresas que eles estão protestando?" E a resposta óbvia era: Sim! Apesar de brigar tanto contra o aumento dos ônibus - e mesmo que as passagens não aumentassem - os estudantes ainda assim estariam dando lucros para as empresas de ônibus que tanto roubavam a população com a conveniência da Prefeitura.

Era um tanto patético, mas os protestos contra o aumento dos ônibus são (os de antigamente e os de hoje) o mesmo que pedir para o assaltante que está lhe roubando deixar que você fique ao menos com os documentos (ou então o chip do celular!).

Recentemente, uma polêmica envolvendo a novíssima empresa Timon City entrou na pauta da cidade: um empresário com ideais bastante liberais resolveu romper o monopólio e ofereceu um serviço mais barato (atualmente a passagem custa R$ 2,50 em ônibus sucateados e perigosos e ele resolveu cobrar R$ 2,00). E não ficou só nisso: além de mais barato, seus veículos contam com ar-condicionado e Wi-Fi para os clientes, coisa que nenhuma outra empresa de Teresina possui.

O escândalo foi rápido: as outras empresas de ônibus, que formam um cartel em conluio com a Prefeitura, impediram, através da Justiça e de outros órgãos públicos, o funcionamento da nova empresa. Atualmente, o Timon City teve que demitir seus funcionários e parou de circular totalmente sob ordem judicial.

Logo, outra velha novidade ocorreu: o atual prefeito de Teresina, o antigo Firmino Filho, anunciou mais um aumento nas passagens. Os protestos voltaram a acontecer: novamente, os estudantes pediam para que o assaltante só levasse seu dinheiro, mas deixasse os documentos.

Se são empresas privadas, então é livre mercado, não?!

Não! Empresas privadas não significam, por si só, que existe livre mercado. Existem empresas privadas em diversos países comunistas, mas esses países estão longe de ter liberdade de comércio. Tais empresas, como as de transporte público de Teresina, agem de maneira desonesta, através de negociatas com a Prefeitura para que nenhuma outra empresa entre no mercado. É um cartel sem concorrência real, com todos oferecendo péssimos serviços a preços exorbitantes.

Em um livre mercado, jamais o preço de um produto ou serviço poderia ser autorizado pelo prefeito como acontece no transporte. Os que ditam os preços - e a qualidade do serviço - são a concorrência e a liberdade para que quem quiser competir no setor como empresário.

E qual a solução disso tudo? 

Ao invés de implorarem, através de protestos inúteis, para os empresários não aumentarem seus preços,  os estudantes deveriam lutar para que haja um mercado realmente livre no transporte urbano através da desregulamentação total do setor. Diversos empresários como os da Timon City entrariam e a concorrência exigiria que apenas os melhores sobrevivessem (sem considerar que os preços também poderiam ser diferenciados de acordo com a empresa/trajeto/qualidade do ônibus). Qualquer um com um ônibus poderia oferecer os seus serviços pelo preço que quisesse. Quem decide se utiliza ou não o transporte é o cliente e não a Prefeitura.

E se você acha que a regulamentação garante a qualidade do serviço, basta você pensar: existe qualidade nos transportes públicos? Não, né? Imagine agora um setor como da informática, que é quase totalmente desregulamentado, lá governos não dão pitaco no serviço e mesmo assim computadores e celulares de altíssima qualidade são oferecidos para todas as pessoas de forma acessível. Quer um exemplo mais próximo? Pense como o Uber, sem regulamentação, oferece carros melhores, mais seguros e mais baratos para toda a população (agora compare com os táxis regulamentados pelo governo).

E então: está cansado de pedir para ser menos roubado? Exija livre concorrência. Exija livre mercado nos transportes públicos.

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