sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016



Certamente se você é libertário já passou, ou passará, por situações parecidas com as que vou narrar.
Certo dia estava conversando com um colega, autoproclamado da Direta Conservadora, dos diversos pontos de nossa longa conversa, um em especial me deixou bastante pensativo. Quando o indaguei acerca do casamento gay, ele, de pronto, se mostrou intransigente quanto à possibilidade de o Estado aceitar a prática deste ato da vida civil. Provavelmente para um libertário a intervenção do Estado na vida privada do cidadão é algo imperdoável, já que como sabemos o Estado não é um bom Tutor nesses assuntos, os Judeus que o digam. Deveras afirmar que estava demasiado descontente com tal linha de pensamento, todavia outros pontos de nossa conversa dissiparam, pelo menos por momento, o meu descontentamento, um desses foi em relação à economia, percebi que defendemos muitas ideias em comum, e.g., intervenção do Estado na propriedade, diminuição da carga tributária, facilitação para a criação de empreendimentos.
Em uma mesa redonda, dessas de simpósios, um componentes, de esquerda, que mais parecia um Frei Torquemada, sabendo de meu viés libertário me indagou sobre como o Estado tem papel fundamental na melhoria das condições de vida da população de baixa renda. Citou como de praxe o que ele chamou de Socialismo Nórdico, não perdeu a oportunidade de citar Marx, a alta carga tributária desses países e o elevado gasto com Welfare State. Não sou nenhum especialista em Política e Economia Nórdica, mas relembrei que tinha lido[1] um artigo bastante interessante de Juan Carlos Hidalgo, nele Hidalgo esmiúça, de forma esclarecedora, a meu ver, o Mito do Socialismo Nórdico. Devo confessar que ficou desnorteado com minha resposta, com os dados e tudo mais.
Na segunda rodada de perguntas, buscando, talvez, por um deslize meu, questionou-me quanto ao papel do Estado como baluarte da luta contra a desigualdade e citou o Bolsa Família. Finalmente, naquele debate poderia falar de Friedman. Em 2006, ano da morte de Friedman, o jornalista Roberth H. Frank do The New York Times publicou um artigo[2], nele Frank, apresenta outra faceta de Friedman, como um idealizador de um programa que adicionaria um subsídio salarial ao trabalhador de baixa renda, bem isso é, basicamente, o Bolsa Família. Citei o artigo, e foi para toda uma plateia, formada principalmente por estudantes de esquerda um golpe em suas ideias anti-libertárias.

Creio que essas duas narrativas apresentam de forma clara como os socialistas e os conservadores veem os libertários. Muito provavelmente, um conservador classificaria um libertário como um esquerdista, por defender a liberdade de gênero, de casamento, de adoção. Para um socialista, um libertário seria uma pessoa de Direita, por defender diminuição da carga tributária, da máquina do Estado, etc. Contudo, o libertário defende apenas uma coisa, a liberdade, seja para opção sexual, profissão, investimento, empreendimento, enfim a liberdade é o Direito primário a base de toda a sociedade. A ideia da liberdade pode mudar pessoas, comunidades, países, e, quem sabe, o Mundo.




[1] http://internacional.elpais.com/internacional/2014/08/07/actualidad/1407371823_579981.html
[2]http://www.nytimes.com/2006/11/23/business/23scene.html?_r=1&
Traduzido: http://mercadopopular.org/2015/07/o-outro-milton-friedman-o-criador-do-bolsa-familia/

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