quarta-feira, 12 de agosto de 2015

A Liberdade é Você



Certo dia conversava com um jovem piauiense de pouca fé. Ele usava alguns argumentos econômicos para tentar me convencer de que, por mais que você se esforçasse, nada garantia um bom resultado na vida. De fato: não há certezas na vida.



O problema é que ele se apegava tanto a essa estrutura de pensamento que transformava o ceticismo em resmungo e teimosia. Dizia ele: “perdi a fé no homem”. Ele era leitor de Richard Dawkins, o biólogo profissional e teólogo de botequim, por isso me pareceu compreensível esse comportamento.

Então lembrei de minha fé prática. De como essa coisa louca de “acreditar” funciona. E tentava conciliar o argumento da descrença no homem e em suas utopias e promessas de futuros gloriosos usando a máquina pública, com o entusiasmo inabalável de minhas ações intransigentemente eficazes da vida privada. Eu também era cético sobre a humanidade – as profecias sobre uma bancarrota da humanidade estão presentes em dezenas de religiões e previsões científicas. Mas era como se isso não me dissesse respeito. Como se um revólver apontado sobre minha cabeça ou a certeza do fim do mundo não fizessem a menor diferença. Ser livre, aqui e agora, e apesar do governo. Como dizia um outro amigo libertário, “ter vergonha na cara”. Isso é o bastante.

A plena consciência de minha existência, do que sou, do que tenho capacidade ou não de fazer, de para onde vou e do que irei realizar consome o tempo que teria para pensar na possibilidade real de nada dar certo. E daí? Eu sabia, depois de 30 anos de existência, que a tenacidade irrecuável funciona. Mas bastaria ler algumas biografias de gigantes da história para perceber isto: que a fé prática inutiliza a probabilidade do desastre. E daí? No fim, é só você, e sua certeza misteriosa na vitória, que nem uma lipoaspiração pode arrancar. Chega um momento em sua vida que você sabe exatamente o que está fazendo, com tanta clareza que você começa a entender o que é a liberdade. Não existe liberdade onde não há obstinação pela vitória. Ainda que sua obstinação seja por ficar no boliche do shopping riverside tomando cerveja com os amigos. O que, afinal, representa o seu desejo de vitória? Qual é sua meta para viver uma vida autenticamente livre? Coloque estas drogas no papel, and do it.

Esperar pelo fim ou diminuição do estado para viver em “estado” de liberdade não seria muito recomendável. Você precisa ser livre AGORA. Com as armas que tem. Ou com armas apontadas para a cabeça. Porque se o Estado implodisse amanhã, sua liberdade não estaria garantida. Dependência é escravidão. Preguiça é escravidão. Indecisão é escravidão. Covardia é escravidão. Baixa-estima é escravidão. Prepotência é escravidão. Cuidar da vida dos outros é escravidão. Foda-se o contexto: a liberdade é você. Liberdade não é um índice econômico nem um diagrama. Liberdade é você parar de se sentir “deslocado” porque pensa diferente. Como dizia um amigo conservador: “a gente nasceu pelado, careca e sem dente: o que vier é lucro!” Foi a melhor definição de liberdade que já ouvi na vida.

Você olha em volta e vê um mundo deformado, parasitado pelo estado e seus lacaios, com privações de liberdade por todos os lados. Mas nenhum crime é maior do que tirar a liberdade de consciência das pessoas. É isto o que vejo no Piauí. Corações e mentes de jovens libertários sem saber muito bem o que fazer ou como agir. Não sabem se fazem alguma coisa pela causa, ou se cuidam de sua vida pessoal e profissional. As duas causas são nobres, decida-se. Ou faça as duas. Faça pouco, ou faça muito. Não faça! Mas seja.

O terrível, o trágico e o estarrecedor de tudo  é quando se escolhe não fazer nada não pelo livre-arbítrio de nada fazer, mas apenas por achar que não fará diferença. Até o petista consegue ser mais nobre do que isso.

O bom do movimento libertário é que ninguém é obrigado a nada. Mas ele parte de uma intransigência moral tão forte que ou você aprende a ficar rico ou vai querer compartilhar a ideia profunda de liberdade com alguém, porque com 5 páginas de leitura de liberalismo, já dá pra perceber que vida, liberdade e propriedade são coisas que ou você tem, ou você quebra bem no meio. A boa notícia? Você já tem as três coisas, aqui e agora. Tem um coração batendo. Tem duas pernas e dois braços. Ou talvez não tenha um pedaço deles. E daí? O índice de liberdade de consciência não se mede em gráficos. Você não vai aprender isso lendo Mises. 

“O Estado tira minha liberdade!” Bullshit. Isso é covardia esquerdista. Conte isso para os outros, não para você mesmo. "Opressão" não está no dicionário libertário. O Estado não oprime você. A luta por mais liberdade é meramente uma questão de honra, de legítima-defesa e de poder da mente. E você pode, usando unicamente a energia empreendedora limitada por um estado escravizador, tornar-se o homem mais livre do mundo.

Sigo fazendo a minha parte, e a farei até o dia de minha aposentadoria, quando o Estado, depois de me roubar insanamente a vida inteira, conceder-me-á suas migalhas - as quais só irei receber se, como disse meu amigo sem fé, "as coisas de repente derem errado".

Nao há mais nada o que dizer. A liberdade é você.

Por: Manoela Baldesco

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