quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Manifestações: como o patriotismo trará mais liberdade

Libertários com senso prático aderindo às manifestações


No grupo Herois do Jenipapo-Piauí, alguns poucos membros parecem criticar a utilidade das manifestações para a causa libertária, já que as manifestações exaltariam a pátria e o nacionalismo, suposto entrave na luta contra o intervencionismo estatal.


Na interpretação destes libertários radicais, a ideia de "pátria" tupiniquim está associada a um tipo de visão política estatista (lem
bram do lema bizarro "O Petróleo é Nosso"?), que sonha com um grande ceasar brasileiro, guiando a nação para a ordem e o progresso, com "serviços públicos" de qualidade. Não deixam os críticos de ter alguma razão quanto a isso. Mas há um problema crucial: gostem ou não, a sensibilidade patriótica é um escudo cultural anti-comunista muito eficiente.

tinha este pensamento quando me apercebi que Trotsky, o totalitário desvalido da Revolução Russa, já havia chegado à mesma conclusão mais de meio século atrás no livro 'Introdução ao Manifesto Comunista': "é bastante evidente que (...) a questão do nacionalismo se tenha convertido no mais daninho dos freios históricos nos países capitalistas adiantados". Traduzindo: o nacionalismo era um freio à "revolução socialista", que em seu delírio megalômano, Trotsky considerava ser o "avanço histórico" inevitável.

Nos EUA, 
também em resposta aos ataques terroristas, o nacionalismo excessivo gerou algumas vertentes exageradas, como se pode ver no movimento "Neocon" (que nada tem a ver com o conservadorismo clássico). Estes movimentos geralmente apoiam indiscriminadamente qualquer ação bélica em nome da "nação americana".  Ron Paul diz: "Patriotismo, para mim, é sempre apoiar a causa da liberdade". Nem ar, nem terra. Optamos por um meio termo. Liberdade demais corrói a ordem social, e ordem demais descamba para o autoritarismo - isto independe de ausência ou presença de Estado.

O que não se pode fazer é deduzir de falsas premissas que o "patriotismo" carregaria consigo, necessariamente, o germe do estatismo. Um Estado intervencionista per si abusa da liberdade, e o senso patriótico não tem relação de causa e efeito nenhuma com o problema. Existem muitas provas disso. Suíça é um dos estados menos intervencionistas do planeta, e lá, o patriotismo só cresce. A Austrália, que ocupa a 4° posição no índice de liberdade econômica, é notoriamente um dos países mais patriotas do mundo. Do lado oposto,
 o senso patriótico é combatido por estatólatras petistas, que provaram ter conduzido um dos governos mais intervencionistas da história brasileira. Que relação pode haver então, entre o patriotismo e o tamanho do Estado, a não ser meras analogias simbólicas que variam de circunstância em circunstância? O patriotismo é simplesmente o senso de orgulho pela própria cultura. Obviamente, muitos governos estatólatras USAM de um nacionalismo induzido para fazer a população confundir (e fundir) "patriotismo" e "estado", blindando, desta forma, os detentores do poder. Isto foi feito na Rússia stalinista, por exemplo, e em grau nunca antes visto, na China maoísta. Ron Paul não nega o patriotismo; apenas defende um tipo que priorize as liberdades: "devemos designar líderes com suficiente autoconfiança e força de caráter, capazes de desafiar as convicções convencionais e o falso patriotismo." 

Talvez o libertário Ron Paul saiba que o sentimento de "nação" é importante para resguardar valores como a soberania. O que ele e muitos outros libertários parecem não compreender é que o patriotismo, enquanto orgulho da própria cultura, ainda é elemento importante para exercer o bloqueio ideológico ao internacionalismo socialista, sobretudo no Brasil, onde o Foro de São Paulo vende o sonho (ou pesadelo) da "Pátria Grande Socialista" sul-americana - o que,no frigir dos ovos, significa "governo ainda mais centralizador". Além disso, o pedido justo de impeachment reforça uma posição de supremacia clara do poder civil sobre o poder estatal, e ajuda a combater o mal maior do planejamento central absoluto. 


Trata-se de definir prioridades. No atual contexto, despir-se de purismo ideológico, 
vestir o verde-e-amarelo e engrossar o coro das ruas contribui, e muito, com o ideal de liberdade. Por outro lado, recusar-se a fazê-lo contribui com o estado máximo socialista. Lamentavelmente, a brilhante ética de Rothbard não seria a disciplina mais habilitada a recomendar manuais de ativismo político. 


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Por: Manoela Baldesco

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