segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Uma breve análise sobre o futebol brasileiro (28/05/2015)


Amanhecemos ontem com a notícia da prisão de sete executivos da FIFA sob suspeita de corrupção, a prisão foi realizada pela polícia suíça, a pedido da Justiça americana. José Maria Marin, ex-presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), vice-presidente da entidade (afastado da função há poucas horas), está entre os dirigentes presos. Parece mentira, mas antes da prisão já estava formulando um post na minha cabeça sobre o fracasso retumbante que é hoje o futebol brasileiro. Há muito tempo deixei de acompanhar seriamente o nosso futebol. Mudando rapidamente o foco, inclusive deixei de assistir um canal esportivo chapa-branca que posa de independente, mas alguns de seus jornalistas resolveram atuar de todas as formas possíveis na última eleição presidencial brasileira. Pensava que somente este que vos escreve havia feito isso, mas conversei com alguns amigos e cheguei à conclusão que várias pessoas haviam feito o mesmo.
Voltando ao foco desejado, gostaria de deixar bem claro que mesmo com toda a pífia organização dos Campeonatos Brasileiros pela CBF, ainda prefiro ter um campeonato organizado pela CBF a ter um campeonato organizado por uma empresa estatal, independente da indicação política que estiver no comando dessa estatal. Um campeonato organizado por uma empresa pública seria um xeque-mate no futebol brasileiro.
Acredito que a melhor opção experimentada até o momento foi a Copa União (módulo verde no regulamento da CBF), competição organizada pelo Clube dos 13 em 1987, grupo de 13 clubes de grande torcida. O Clube dos 13 decidiu iniciar essa nova competição independente, contando com patrocínios privados, já que a CBF não estava mais contando com os recursos provenientes da Loteria Esportiva. A Copa contou com públicos elevados nos estádios. O campeão da Copa União não foi reconhecido pela CBF como campeão nacional. A CBF em 1987 entendeu que o campeão do Campeonato Brasileiro de 1987 seria o vencedor da disputa entre o campeão da Copa União (Flamengo), módulo verde para CBF, e o campeão do módulo amarelo (Sport). Como o Flamengo se recusou a seguir o regulamento da CBF, o Sport Recife foi declarado campeão brasileiro de 1987 pela CBF no mesmo ano. Sport e Guarani, campeão e vice do módulo amarelo, foram inscritos na Taça Libertadores, já que o Internacional (vice do módulo verde) também se recusou a jogar o quadrangular final que definiria os classificados para a Taça Libertadores da América. Apesar de ser flamenguista, não vou entrar no mérito de quem estava certo ou errado. A média de público da Copa União (1987) foi de 20.877 torcedores por jogo. Enquanto a média do Campeonato Brasileiro de 2014 foi de 16.555 torcedores por jogo. Ou seja, o nosso futebol retrocedeu de forma drástica.  
Um campeonato livre da CBF seria uma boa opção para o futebol brasileiro, mas certos cartolas preferem se render à entidade em troca de migalhas, o que acaba enfraquecendo o poder dos clubes brasileiros. Os clubes brasileiros devem se impor, ter voz e vez, pensar alto. O campeonato necessita ser forte, com clubes fortes, em que as ligas sejam regidas por um dirigente de clube, como é na Bundesliga (Campeonato Alemão). Não existe campeonato sem os times. Já fomos o país do futebol, hoje estamos muito longe desse posto.
Saindo do tema CBF, é ridículo termos um Estatuto do Torcedor que proíbe a comercialização de bebidas alcoólicas nos estádios de futebol. Sim, muitos indivíduos ainda acreditam na tese de que uma simples cerveja pode ser a responsável por certas confusões em estádios, o que é patético. O Estatuto tem validade nacional. Posso utilizar a Bundesliga como exemplo novamente, torcedores alemães bebem à beça em seus estádios, mas mesmo assim não constatamos brigas no Campeonato Alemão. Felizmente, muitas pessoas já se posicionam contra tal restrição.
O futebol brasileiro precisa urgentemente de mais capitalismo. Precisa de ligas geridas por clubes e não por uma confederação representada por figuras que não possuem a mínima identificação com o nosso futebol.
Hoje, merecidamente, poucas pessoas falam do futebol brasileiro em uma mesa de bar. Ainda há tempo de resgatá-lo.  
http://trivela.uol.com.br/lei-fragil-copa-e-novas-arenas-comecam-a-devolver-a-cerveja-aos-estadios-brasileiros/

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