Amanhecemos ontem com a notícia da prisão de sete
executivos da FIFA sob suspeita de corrupção, a prisão foi realizada pela
polícia suíça, a pedido da Justiça americana. José Maria Marin, ex-presidente da CBF
(Confederação Brasileira de Futebol), vice-presidente da entidade (afastado da função há poucas horas), está entre os dirigentes presos. Parece mentira, mas antes da prisão já estava
formulando um post na minha cabeça sobre o fracasso retumbante que é hoje o
futebol brasileiro. Há muito tempo deixei de acompanhar seriamente o nosso
futebol. Mudando rapidamente o foco, inclusive deixei de assistir um canal esportivo
chapa-branca que posa de independente, mas alguns de seus jornalistas
resolveram atuar de todas as formas possíveis na última eleição presidencial
brasileira. Pensava que somente este que vos escreve havia feito isso, mas
conversei com alguns amigos e cheguei à conclusão que várias pessoas haviam
feito o mesmo.
Voltando ao foco desejado, gostaria
de deixar bem claro que mesmo com toda a pífia organização dos Campeonatos Brasileiros
pela CBF, ainda prefiro ter um campeonato organizado pela CBF a ter um
campeonato organizado por uma empresa estatal, independente da indicação
política que estiver no comando dessa estatal. Um campeonato organizado por uma
empresa pública seria um xeque-mate no futebol brasileiro.
Acredito que a melhor opção
experimentada até o momento foi a Copa União (módulo verde no regulamento da
CBF), competição organizada pelo Clube dos 13 em 1987, grupo de 13 clubes de
grande torcida. O Clube dos 13 decidiu iniciar essa nova competição
independente, contando com patrocínios privados, já que a CBF não estava mais
contando com os recursos provenientes da Loteria Esportiva. A Copa contou com
públicos elevados nos estádios. O campeão da Copa União não foi reconhecido
pela CBF como campeão nacional. A CBF em 1987 entendeu que o campeão do
Campeonato Brasileiro de 1987 seria o vencedor da disputa entre o campeão da
Copa União (Flamengo), módulo verde para CBF, e o campeão do módulo amarelo (Sport). Como o Flamengo se recusou
a seguir o regulamento da CBF, o Sport Recife foi declarado campeão brasileiro
de 1987 pela CBF no mesmo ano. Sport e Guarani, campeão e vice do módulo
amarelo, foram inscritos na Taça Libertadores, já que o Internacional (vice do
módulo verde) também se recusou a jogar o quadrangular final que definiria os classificados para a Taça Libertadores da América. Apesar de ser flamenguista, não vou
entrar no mérito de quem estava certo ou errado. A média de público da Copa
União (1987) foi de 20.877 torcedores por jogo. Enquanto a média do Campeonato Brasileiro de 2014
foi de 16.555 torcedores por jogo. Ou seja, o nosso futebol retrocedeu de forma drástica.
Um campeonato livre da CBF
seria uma boa opção para o futebol brasileiro, mas certos cartolas preferem se render à entidade em troca de migalhas, o que acaba enfraquecendo o poder dos clubes
brasileiros. Os clubes brasileiros devem se impor, ter voz e vez, pensar alto. O campeonato necessita ser forte, com clubes fortes, em que as
ligas sejam regidas por um dirigente de clube, como é na Bundesliga
(Campeonato Alemão). Não existe campeonato sem os times. Já fomos o país do
futebol, hoje estamos muito longe desse posto.
Saindo do tema CBF, é
ridículo termos um Estatuto do Torcedor que proíbe a comercialização de bebidas
alcoólicas nos estádios de futebol. Sim, muitos indivíduos ainda acreditam na
tese de que uma simples cerveja pode ser a responsável por certas confusões em
estádios, o que é patético. O Estatuto tem validade nacional. Posso utilizar a
Bundesliga como exemplo novamente, torcedores alemães bebem à beça em seus estádios, mas mesmo assim não
constatamos brigas no Campeonato Alemão. Felizmente, muitas pessoas já se
posicionam contra tal restrição.
O futebol brasileiro precisa urgentemente de
mais capitalismo. Precisa de ligas geridas por clubes e não por uma
confederação representada por figuras que não possuem a mínima identificação com
o nosso futebol.
Hoje, merecidamente, poucas pessoas falam do
futebol brasileiro em uma mesa de bar. Ainda há tempo de resgatá-lo.
http://trivela.uol.com.br/lei-fragil-copa-e-novas-arenas-comecam-a-devolver-a-cerveja-aos-estadios-brasileiros/
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